A chegada ontem a Lisboa foi fabulosa. No avião, ainda no céu, observei o mar, o Rio Tejo, Palmela, o Cristo-Rei, as Amoreiras, as Torres da Expo… e aterrámos.
De uma luz sem igual, a primeira coisa que retirei da mala, foram os óculos de sol. É tão linda a nossa cidade da luz.
Fui recebida com calor e muitos sorrisos e abraços no aeroporto de Lisboa. De facto é maravilhoso estar de volta!
Nas ruas o trânsito de uma ordem fenomenal, até faz confusão. Já tinha saudades de ver conduzir com tanta beleza, ordem e civismo. Se alguém me disser mal da condução em Portugal, ficam desde já avisados, que é imediatamente recambiado para África!
A luz é imensa. Se o Sol brilha para todos, aqui ele ilumina de uma luz clara sem igual. É branca, reflecte na calçada portuguesa e espalha-se por todo o lado.
A viagem foi deliciosamente escolhida pela Ponte Vasco da Gama pelo sogro, que conduziu exemplar como sempre, até Palmela. O Parque das Nações e a Ponte que condizem, com a paisagem futurista, projecto da Expo, mostram-me uma cidade fabulosamente avançada. Assim como Luanda deseja ser…
E recordo as palavras do Hélder quando me disse uma noite em Luanda, numa chauana (ainda vos vou contar um destes dia o que são chauanas) ‘Angola quer imitar Portugal em tudo, até no código penal!’ Mas a verdade é essa, Luanda está a surgir como uma cópia do nosso país. Daí a mão-de-obra estar a ser recrutada de cá. Precisam de nós mais como professores. Tanto que têm de aprender, porém.
As primeiras transacções comerciais cá e eu sinto uma felicidade extrema. Levar o carro à inspecção e ser atendida por uma portuguesa na recepção, e por técnicos portugueses. E no café ‘desejam mais alguma coisa?’, perguntou a senhora. ‘Oh sim, por favor, um copo de água!’ O que eu gosto de beber o meu café e um copo de água. Saudades. Coisas simples mas que em Angola não se podem fazer! Nem pensar em beber água da torneira! ‘Quanto lhe devo?’ pergunto, ‘Um Euro e dez cêntimos.’ E eu paguei e sorri. Foi tão satisfatório voltar a pagar em Euros. ‘Cheguei a casa’, é o meu pensamento.
Estranhei logo o primeiro estabelecimento em que entrei em Palmela, a padaria. Estava um cliente a ser atendido por uma portuguesa. E na nossa vez, nem foi preciso repetir o pedido. Em Angola eu tenho de repetir tudo o que peço pelo menos mais uma vez… e às vezes, muitas vezes, sou tão questionada que acabava por responder ‘deixe lá! Obrigada!’, desistia e ia embora.
Há aquelas pessoas que falam mal português. Mas, no meu caso, parecia que eu falava bem demais! Muitas vezes não nos entendem. A primeira coisa portanto que aconselho os angolanos a aprenderem, é a nossa língua.
Mas, é uma sensação ainda de vazio… é como se estivesse descalça de novo… mas desta vez de uma outra forma, porque mais do que sapatos... falta uma parte de mim.
Eu só regresso mesmo a mim... daqui a um mês e uma semana…
São uns longos quarenta dias que vão custar uma eternidade a passar!
Gostava de prometer novamente que o tempo vai passar depressa, mas não é verdade, falta um mês e ainda mais dois intermináveis dias. Dias que parecem ter mais de 24 horas, mas nem o tempo nem a distância nos atrapalham.
ResponderEliminarHoje beijei o vento, abre a janela esta noite, ele chegará a ti na brisa da manhã.