segunda-feira, 30 de julho de 2012

O Mussulo ao Fundo… e o Lixo Aos Meus Pés

O ‘luxo no lixo’ é a expressão mais adequada para descrever a cidade de Luanda
Há lixo em todo o lado. Imenso lixo. O lixo faz parte da paisagem. Ninguém consegue perceber as quantidades enormes de lixo que aqui se vêem. Só vivendo isto.
É o 8 e o 80: Olhamos em frente e vemos o Mussulo. Ilha enorme. Vista magnífica. Mas temos de abstrair-nos de ver o lixo ali ao pé.
Apesar das alegadas melhorias, a recolha de lixo fora e dentro da cidade é deficitária. Os serviços municipais não parecem ter capacidade de eliminar o lixo antes que este se acumule de novo.
São muitos habitantes nesta cidade a viverem como já revelei em condições miseráveis. Agora imaginem os mercados que são diários e em todo o lado na cidade a quantidade imensa de lixo que fazem, acumulados nas ruas e passeios.
Este é seguramente dos problemas mais graves da cidade que traz repercussões sociais, para além das ambientais. O descontrolo do lixo e a falta de saneamento dificultam a melhoria do sistema de saúde pública, agentes causadores de doenças, entre as quais a malária, aumentando a taxa de mortalidade.
A parte positiva é que procura-se, num grande trabalho pedagógico através dos média e nas escolas, reconstruir mentalidades fundadas numa boa educação de higiene e consciencialização das novas gerações, muito mais do que o imenso financiamento no negócio de recolha de lixo na cidade no valor mensal de 20 milhões de dólares.
Há certamente uma cidade linda por detrás de tanto lixo. Deixem-nos ver Luanda!

domingo, 29 de julho de 2012

De Caboledo à Barra do Kwanza

Ainda bem que o José Carlos teve de ir em trabalho a Lobito porque aproveitámos a boleia do David e fizemos-lhe companhia até metade do trajecto – Caboledo – almoçámos lagosta e regressámos ainda antes do pôr-do-sol.

Não é seguro vir de noite. A estrada é má apesar de ter vindo a ser melhorada garante o David que há 3 anos esta estrada era ainda de terra batida. Vai sempre junto à margem e tem uma vista muito bonita, descemos acompanhando o mar.

Tudo se torna mais bonito à medida que nos afastamos de Luanda. Começa a deixar de haver as enormes quantidades de lixo que os habitantes da cidade e das periferias fazem. Grave problema desta cidade.

Na ponte da Barra do Kwanza admiramos o agressivo tanque, que recorda a guerra ainda mal acabada. E de repente surge um enorme macaco preto a deslocar-se todo esguio num tronco de uma árvore, parecia um puma a desfilar que pára por segurança para nos despistar quando percebe que foi avistado. 

Acabou por ser apanhado em duas fotografias apesar da sua timidez e tentativas de fuga.

Caboledo é magnífico. A cor do mar é esverdeada e quando o olhamos de frente ele perde-se de vista. O Cabo fecha-nos contra o mar numa longa, alta e distante falésia, absurda e deleitável. É um cabo que se impõe ao mar. Sustemos a respiração ao observá-los e a tentar perceber qual dos dois ganha o lugar de grandioso que disputam diariamente.

A luz do sol tapada com a névoa suave que inunda os trópicos nesta altura do ano, o cacimbo, torna a praia ainda mais mágica.
Almoçamos no Doce Mar, um dos dois resorts e ficámos a conversar e a apreciar a paisagem na esplanada debaixo dos toldos de palhinha.
Está uma temperatura agradável. Apesar de não ser a estação quente estão sempre em média 27º Celsius. Para mim é perfeito. Nem muito quente, nem muito frio.
No regresso voltamos pela mesma estrada e encontramos dois macaquinhos de cor bege na ponte da Barra do Kwanza a comerem pedaços de pão que alguém lhes deixou. Regalam-se com o presente e nós com eles.
Fazemos a longa estrada de 3 Km sempre pela berma. Foi das estradas mais difíceis que já fizemos pois está estrategicamente esburacada e ainda não foi recuperada do tempo de guerra. Mas valeu a pena passar aquelas casitas humildes das povoações piscatórias, pobres mas mais organizadas que os musseques das cidades, pelos porcos pretos e galinhas que se passeiam em círculos à procura de comida.
Observámos a vegetação verdejante e variada. Notam-se árvores tropicais e no meio o imenso Rio Kwanza. Ficámos parados a observar no deck de madeira do Kwanza Lodge e a imaginar os crocodilos a nadarem furtivos naquelas águas.
Aguardávamos que alguém nos viesse trazer um café. Mas acabámos por vir embora antes do sol se pôr, sem café, nem crocodilos. Só memórias. Boas memórias.
Por detrás de todo um enorme esforço para recuperar das marcas da guerra, Angola tem também paisagens extasiantes.

sábado, 28 de julho de 2012

A Praia e o Musseque

Íamos à praia de manhã mas ficámos sem carro.
O José Carlos teve de ir trabalhar e o Pedro ainda só tem autorização para conduzir o carro dele.
A Sandra e o Ricardo disseram que iam connosco à praia e depois íamos directos à festa de aniversário no musseque em Prenda, um bairro muito, muito pobre e degradado. Musseques são favelas. E eu aprendi que não devemos ir a um só porque não temos onde ir. É preciso estarmos preparados. 

A Praia
O moço que pede dinheiro à saída do carro. O arame farpado a cercar a praia. O Resort onde entramos para termos acesso à praia. Os chapéus-de-sol do restaurante caro com os arames partidos. As palmeiras tristes, fechadas e feias porque estão sujas.

No mar bóiam sacos de plástico, pedaços de madeira, latas de coca-cola e garrafas de água vazias no meio de uma enorme mancha de gordura. Não conseguimos entrar na água por estar tão suja. Fiquei imensamente triste.


A Festa de Aniversário
Primeiro choque: a barata do tamanho de uma noz, esmagada no chão, com o líquido esbranquiçado em volta dela.
O cão com a pata partida que se arrasta e faz ferida ensanguentada no interior do pulso.
O cheiro do esgoto, ao ar livre que escorre desde a casa-de-banho improvisada no interior directamente para o passeio na rua, passa pelo quintal.
O bebé de uma vizinha que chora de dor e ninguém lhe liga absolutamente nenhuma.

Entrámos. Sempre simpáticos, ofereceram-nos o almoço, comi um pouco... 

Comecei a lavar a loiça para dar uma ajuda. Três alguidares: 1 com água com detergente de lavar roupa à mão... sem esfregão... outro água para passar a louça já lavada e o 3º para por a enxugar...
A Sandra mandou comprar esfregões para a loiça. No entanto, mesmo ao lado do esgoto e eu estava a desfalecer...
Ainda lavei imensa loiça mas a determinada altura estava a agoniar-me.
Foi a minha primeira desistência. Pedi para virmos embora.
Aprendi que:
  1. tenho os meus limites e tenho de os respeitar;
  2. para viver em África tenho de ter o mínimo de condições.

sexta-feira, 27 de julho de 2012

O Trânsito

Enquanto escrevia as minhas aventuras de África o Ricardo desafiou-me a sair do sofá ‘queres vir à cidade?’ levantei-me num pulo, deve ser por isso que nos chamam ‘pulas’.
- ‘Vou só calçar-me’, avisei.
A São ao ver-me assim entusiasmada perguntou onde eu ia e ao meu sorriso ‘à cidade’ respondeu rapidamente ‘oh ninguém almoça hoje’.
Não entendi. Olhei para as 11:00 do relógio e disse ‘claro que almoçamos São. Nós já voltamos.’
Saí acelerada, não queria perder esta oportunidade de conhecer mais um pouco da cidade. Sentei-me e coloquei o cinto de segurança. O que se torna um momento engraçado. De que vale ter cinto de segurança quando para se conduzir em segurança o ideal é ter tudo menos uma condução segura?
Conduzir em Luanda é uma aventura. Eu fico cansada apenas de ver. A gente nunca sabe quando o discreto lugar de trás é suficientemente discreto para não receber um desses aventureiros candongueiros - os táxis da região – porta a dentro.
São os mais loucos, mas todos os carros de Luanda se locomovem numa empatia tal, que é malabarística. Muitas vezes faz mossa! Mas francamente ainda não percebi é como não faz mais mossas mais vezes.
O trânsito que se forma é o caos. É especialmente complicado às segundas e às sextas, o que é o caso de hoje.
É impressionante como as pessoas em Luanda não são egoístas no trânsito. Cabe sempre mais um carro, mais uma fila. Chegam a formar cinco filas de carros em estradas de três filas marcadas no chão. E as pessoas das vendas caminham corajosa e artisticamente entre eles.
De repente, alguém acha que uma fila bem formada vai demasiado ordenada e para complicar aquilo tudo, começa o processo de mudança de faixa que é algo um tanto radical. Eles literalmente atiram-se para cima dos outros carros, sem piscas, às vezes de uma só vez, atiram-se ou melhor mandam-se para cima do carro da faixa ao lado. E é muito simples. Num desses processos se não páras levas com um carro em cima.
A certa altura o Ricardo foi abastecer à bomba e quatro rapazes a venderem cd’s de repente cercam o carro. Ele só queria o cd de Paulo Flores que viu na mão de um deles. Mas todos eles são muito mais entendidos que o Ricardo nesta matéria e querem impingir-lhe Kizomba e mais uma catrefada de cd’s famosos, todos pirateados mas os melhores cd’s de Luanda está visto.
O Ricardo despistou toda a gente e lá conseguiu trazer o cd que queria ao preço que decidiu. Por pouco não era consumido pelo processo de venda. Ele e nós, já que todo o carro parecia poder ser engolido por tanta gente.
Não sei bem como, chegámos ao BESA. Ficamos a aguardar dentro do carro de portas trancadas e a conversar ao som do Paulo que cantava ‘ai Luanda’.
O trânsito até parados na rua é cansativo.
No regresso, como se não bastasse ser dia de mais trânsito, corta-se uma estrada e coloca-se um agente regulador de trânsito para complicar mais um pouco aquele quarteirão.
As motas aqui são como as vacas na Índia. São adoradas. Estão acima de qualquer Lei. Andam em sentido contrário e nem obedecem às forças policiais. Passam o polícia sinaleiro, que avisou que aquele sentido estava parado, e cumprimentam-no de capacete pousado no selim.
Nessa altura, olhei o relógio e compreendi a afirmação da São sobre o almoço. Eram 1:44 e na avenida principal os carros estavam todos parados. Ainda faltava muito para chegarmos a casa.
Valeu a valentia do Ricardo que já se locomove aqui com os seus três anos de experiência de condução em Luanda e conhece uns becos que, não sei como nem como não, vão dar a casa.
Devorei o almoço da São.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

O Mercado Ficou Marcado

'Ao meio dia e meia, vamos lá contigo'.

É a Praça da Madeira. É mais perto de casa e mais segura segundo diz a São: ‘À outra é preciso irmos de táxi porque é muito longe e lá há muitos bandidos.’
A sério? Ainda insisti um pouco, pois coragem não me falta e medo tenho pouco. ‘Não, a esse é melhor não. Há muitos bandidos’, reafirma a Luísa, e nem tinha ouvido a nossa conversa. ‘Estão sempre à procura de quem tenha dinheiro.’ E assim me convenceram. Elas lá sabem. Também não gosto de correr riscos desnecessários. Mas fiquei francamente curiosa com o Mercado do Katintom na Praça Nova, porque é mesmo muito grande segundo elas dizem.
A São e a Luísa levaram-me pelos becos do musseque, pelas ruas de pó, pelas crianças lindas com brinquedos improvisados de coisas velhas que as divertem muito a julgar pelos seus risos e corridas às gargalhadas.
Observava tudo a cada passo, a cada viragem de esquina. É simplesmente uma aldeia. Passamos pelas pessoas e dizemos ‘Bom dia!’ e ouvimos um cordial ‘Bom dia!’ sorridente e curioso porque nunca nos viram por ali.
As pessoas que passam atrapalhadas pelas ruas estreitas, entre muros, aguardam a sua vez de passar. O senhor do carrinho de mão implica, ao cruzar-se, com o menino da mala de escola às costas que vem em sentido contrário por vir tão devagar que ‘ele não tem o dia todo para esperar que ele passe’. Afinal de contas ele foi cordial com o menino e é assim que ele lhe agradece.
O rapaz nem diz nada, talvez a anuir. Não há muito a dizer. Há que aprender. Porque o tempo passa e não há tempo a perder. E nesta cidade há muito para fazer.
Imensas ruas, imenso pó. Os cães enrolados, cheios de moscas, sacodem-se às vezes. De resto já se habituaram a dormir assim, entre os passeios de cimento que por vezes surgem nas laterais da estrada. O que mais custa é andar depressa em terreno arenoso. Elas já se movimentam rápido, estão em casa, a mim cansa-me um pouco e ando um pouco mais devagar mas sem me atrapalhar vou saltando as poças nas ruas. De vez em quando passamos por troços de água de esgotos que atravessam as ruas onde passamos. Cuidadosa vou tentando colocar os pés em terreno seco, o que se torna por vezes algo habilidoso. Mas arrependo-me quando observo que estão todos a olhar para mim a tentar compreender a minha preocupação. Olho para os meus pés e acho ridículo ter dado cem euros por uns Fly London que caminham em Luanda.
Era a única coisa cara que levava, com a vantagem de eles não imaginarem o preço. São os meus sapatos mais parecidos a um tractor. Obediente no resto fui como mandaram, de cabelos desgrenhados e t-shirt fora das calças de ganga rotas, que eles não sabem que em Portugal está na moda.
No bolso direito o passaporte que todos insistiram que tinha de levar. No esquerdo um telefone cor de laranja da Unitel básico e leve. Os números e nomes para quem devo ligar caso ocorra alguma coisa. E mil seiscentos e quinze kwansas para se eu quiser comprar alguma coisa, ou para se alguém quiser me roubar.
Atravessar a estrada foi a maior aventura do mercado. Eu atravessei de mão dada com a São e francamente não tenho vergonha porque quem sabe como se conduz em Luanda reconhece que foi o momento mais arriscado do meu percurso.
Chegámos por fim à Praça do Madeira, que à hora de almoço estava apinhada de gente. Umas compravam, outras vendiam e eu, a única branca à excepção de duas meninas albinas, passeava apenas, curiosa de tudo. Absorvia tudo à minha volta, por pouco até um telhado de zinco que vinha na minha direcção e em que o local diz a gozo que depois fica vermelho.
Fingi que não ouvi. Até porque afinal ele nem sabe que fica é negro. E que, se quisermos, somos todos da mesma cor.
Vende-se tudo desde materiais de construção, roupas, bebidas e comidas. As carnes e os peixes carregados de moscas, colocados tudo em cima de bancadas de madeira. Os vendedores já têm os sacos vazios prontos para a venda à nossa passagem. Apontam para nós a oferecerem-nos os seus produtos. É só escolhermos.
Até a roupa de bebé está devidamente pendurada para vermos melhor os tamanhos do que procuramos.
Alguidares, materiais de construção, utilidades para o lar.
Frutas várias colocadas por tipo bananas, abacates, limões, ananases tudo devidamente equilibrado num efeito bonito num alguidar de cor diferente. Por exemplo a cor das laranjas a contrastar com o azul claro do alguidar.
Não mostrei interesse por nada. Na verdade estava interessada em tudo. Mas assim despistei os insistentes vendedores que tentam convencer que vendem o melhor produto ao melhor preço. Puros vendedores.
A determinada altura ouço apenas a São murmurar à Luísa e de repente ambas formam-se numa barreira protectora. Recordo a mão da São que me empurra para a frente dela e para as costas da Luísa. Uma à minha frente e outra atrás de mim. Não me apercebi do perigo mas percebi o carinho do momento em que me protegem literalmente apercebidas dos potenciais problemas. Não tentei averiguar mais nada nem no momento nem depois disso. Fica apenas a confirmação de que há gente boa, em todo o lugar onde há gente má.
A luz do dia, os cheiros, os sons das buzinas misturadas com os risos das crianças, é o que prefiro guardar em mim, junto com a descontraída ingenuidade minha e delas.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Descalça... Vais Mais Longe

Tira os sapatos!
Aqui andas melhor
Descalça.

De que vale ter sapatos caros
Para quem não há estradas?

Aqui
Os caminhos
Vão se fazendo passo a passo,
Com ritmo...
No compasso...
Com passo acelerado...
A correr...
Pelo atraso.

Aqui
Até as crianças descalças
Caminham melhor e mais depressa.

E se fores humilde
Vês...
Que aqui
Como em qualquer lugar
Quem vai assim
Descalço e simples...
Vai mais longe.

terça-feira, 24 de julho de 2012

As Cores das Ruas

As ruas não têm nome...
mas têm cor.
As Zungueiras passam frequentes a vender
Carregadas com várias coisas à cabeça
Num perfeito equilíbrio com os filhos às costas 
Tudo o que possa ter alguma utilidade:
Bananas
Muitas outras frutas
Peixe
Azeitonas
Livros escolares
Carvão...

As cores das suas roupas enfeitam as ruas 
e os seus gritos ecoam melodiosos
numa cidade onde se ouve o progresso ao fundo
os serralheiros a trabalharem afincadamente.

O choro das crianças pequeninas às suas costas ou ao seu colo
é igual aos das nossas
e dá vontade de agarrar num abracinho de consolo.

Porque não pode ser tudo ‘justamente’ igual?

As cores
os sons
e os cheiros de Luanda
são as coisas magníficas que mais recordarei.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Na Terra do Pó... Tira o Pó dos Olhos


Para veres melhor.
Esfrega os olhos como se acordasses agora.

Limpa o pó do nariz
Que espirrar aqui é perder tempo
E não vale a pena torcer narizes
Quando a vida é tão simples.

Lava os olhos de uma vez.
Aprende a ver de novo.

Que a vida com muito pó é mais desempoeirada do que imaginas.

Vê-se tanto
Vê-se tão bem
Vê-se tudo.

África abre-te os olhos…
E percebes
Que antes
Imaginavas que vias...
Quando não vias nada!

domingo, 22 de julho de 2012

A Cidade Mais Cara do Mundo para Expatriados


Luanda, tem tudo e não tem nada.

Falta tudo. Desde trabalho a estradas. 

Há tudo e não há nada. 

E é por isso que tudo é caro.
A procura é maior que a oferta.

Ou como diria simplesmente a Dona Emília, a portuguesa do restaurante
‘Luanda tem tudo. É preciso é ter dinheiro para comprar.’

sábado, 21 de julho de 2012

Em África... Despe-te.

Sacode o pó dos ombros
Desempoeira-te...

Despe-te de preconceitos.
Despe todos esses fatos sociais que te vestiram.
Porque

Por aqui
até o pijama é curto.

Despe-te
Mesmo quando a consciência se baralha e veste-te
insiste e tira.

Nem tanto pelo calor...
Mas porque rapidamente percebes que é o mais certo.

Está tudo nas origens.
Corre na veias

E o sangue fervilha ao ritmo do tambor...

Apesar de tudo 

Que dá vontade de chorar
Com jeito
Vais embora a sorrir.
 
O que mais procuras encontrar
Talvez comeces a entender.
 
E pode ser que descubras...
No mistério destes sorrisos
No andar despreocupado
Na alegria destes olhares...

O que é ser genuinamente Feliz.